quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Rodadas de Poemas com Paulo Ras



Paulo Ras


 Ela tinha um cisco no beijo.
Um pedacinho de arranhadura de gato.
Deve ter sido o dia que ela foi bailarina,
Deitando à beira do precipício
Esperando que a lua virasse alma.
Lua não vira alma, menina.
Coaxou o sapo que era mudo.
Lua canta luz.
Repicou a cigarra que tinha estourado
De tanto cantar berros para os galhos frondosos
De uma aroeira.
Limpa o cisco, menina.
Aconselhou a suindara.
Beija os olhos do amor,
Gritou o colibri.
Conselhos.
Conselhos.
A moça tapou o mundo.
Falou para dentro
E ouviu o eco em seu peito.
Vinha retumbante, arfante.
Salta deste precipício e aseie.
Ela asou. Pégaso.
Ela caiu. Ícaro.
Ela sorriu. Lunática.
A lua luou sabática.
E sobrou um lábio no cisco.
E ela não viu. Não sentiu.
Até o dia em que beijou um príncipe e
Ele correu coaxando poesias.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por participar deste blog.Volte e comente sempre!!!
Aqui você vai encontrar "Aquele Poema".