De Ferreira
Gullar
Falas do mofo
Do fundo das
gavetas
de dentro de pastas
e envelopes
do fundo do silêncio encardido
em folhas de jornal
de um tempo ido
ali
regressa à luz
puído
o murmúrio inaudível
das vozes
no mofo impressas
mudas
ainda que plenas de retórica
de dentro de pastas
e envelopes
do fundo do silêncio encardido
em folhas de jornal
de um tempo ido
ali
regressa à luz
puído
o murmúrio inaudível
das vozes
no mofo impressas
mudas
ainda que plenas de retórica
É apenas
uma mínima parte
do incalculável arquivo morto
esta que reacende agora
à leitura do olhar
e em mim
ganha voz
por um momento
uma mínima parte
do incalculável arquivo morto
esta que reacende agora
à leitura do olhar
e em mim
ganha voz
por um momento
e penso em tantos falares
que abafados em pastas
e arquivos
esperam por um corpo
de homem
em que
de novo
se façam vivos
que abafados em pastas
e arquivos
esperam por um corpo
de homem
em que
de novo
se façam vivos
Ferreira Gullar, em “Em Alguma Parte Alguma”
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