De João
Esteves
Soneto
fora de cogitação
Nem sei direito o que Poesia é
Faço questão de, claro, aqui deixar
Bem registrado esse detalhe, até
Porque é feitio meu não enganar
Mas certamente me apraz versejar
Sem fazer disso profissão de fé
Sem nos lauréis da vida nem pensar
Nem no prestígio, nem num cafuné
Sobre esta vida, ou outra, ou nada enfim
Em versos digo o que calar não quer
O que me vem segundo a inspiração
O pulso é fácil, vem do coração
Todo cuidado é pouco é com o pé
Quem lê decide se é bom ou ruim
Um pouco mais do poeta.
João Esteves
Venho cultivando um relacionamento bastante íntimo
com leitura e escrita desde minha pirralha alfabetização, há cinquenta anos.
Não tenho intenção de interromper deliberadamente este relacionamento nos
próximos cinquenta anos.
Haveria bastante o que discorrer e elencar sobre
isto, mas a ideia aqui é apenas contar como começou meu interesse por
literatura, e mais especificamente pela poesia. Como não tenho consciência de
um ponto exato de partida, ponho então nos idos da infância e na fase posterior
à alfabetização este ponto.
Lembro que meu pai gostava que nós, filhos,
aprendêssemos de cor alguns poemas e nos mandava decorar versos de certos
poetas antológicos que ele escolhia para nós. Ora era um Bilac, ou um Casimiro
de Abreu, ou um Vicente de Carvalho, ou qualquer outro, enfim. Eu tinha
bastante facilidade para cumprir essas tarefas mnemônicas, memorizava bem
rápida, completa e definitivamente. Ficou de saldo um bom repertório assim
iniciado e que com o tempo cresceu bastante.
Ainda sei integralmente um bom número de poemas,
não só das antigas seletas ginasianas, mas também de obras originais mais tarde
escolhidas por mim mesmo, além de muitas letras de canções que ou foram minhas
favoritas ou simplesmente ouvidas muitas vezes, gostasse eu ou não.
Meus primeiros voos autorais certamente foram
tentados ainda em idade pediátrica. Absolutamente nada ficou desta fase. Meus
versejos de adolescente também acabaram se perdendo. Eu só os mostrava em casa,
a uns poucos amigos e naturalmente a algumas namoradas-musas de então.
Já no século XXI, comecei a fazer como exercício a
tradução de letras de canções brasieliras principalmente para o idioma inglês,
no qual também andei versejando. A ideia era manter na tradução a maior
proximidade possível com a pauta acentual dos versos originais em português, de
forma que o resultado final também fosse cantável. Fiz umas trinta, e depois
parei. Não encontrava ninguém que soubesse inglês e também cantasse, de modo
que não parecia fazer muito sentido mostrar pra praticamente ninguém. Desisti
do assim do projeto mirabolante que poderia terminar em exportação de cultura
brasileira e também do simples exercício de tradução isométrica e isotônica.
Mas gostei muito de fazê-lo, por mais inutilmente que pareça.
Blog do poeta:http://neo-orkuteiro-bondeandando.blogspot.com.br/
Adoro está parte:Porque é feitio meu não enganar.
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