segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Rodadas de poemas com João Esteves





De João Esteves
                    Soneto fora de cogitação


Nem sei direito o que Poesia é
Faço questão de, claro, aqui deixar
Bem registrado esse detalhe, até
Porque é feitio meu não enganar

Mas certamente me apraz versejar
Sem fazer disso profissão de fé
Sem nos lauréis da vida nem pensar
Nem no prestígio, nem num cafuné

Sobre esta vida, ou outra, ou nada enfim
Em versos digo o que calar não quer
O que me vem segundo a inspiração

O pulso é fácil, vem do coração
Todo cuidado é pouco é com o pé
Quem lê decide se é bom ou ruim




Um pouco mais do poeta.
João Esteves

Venho cultivando um relacionamento bastante íntimo com leitura e escrita desde minha pirralha alfabetização, há cinquenta anos. Não tenho intenção de interromper deliberadamente este relacionamento nos próximos cinquenta anos.
Haveria bastante o que discorrer e elencar sobre isto, mas a ideia aqui é apenas contar como começou meu interesse por literatura, e mais especificamente pela poesia. Como não tenho consciência de um ponto exato de partida, ponho então nos idos da infância e na fase posterior à alfabetização este ponto.
Lembro que meu pai gostava que nós, filhos, aprendêssemos de cor alguns poemas e nos mandava decorar versos de certos poetas antológicos que ele escolhia para nós. Ora era um Bilac, ou um Casimiro de Abreu, ou um Vicente de Carvalho, ou qualquer outro, enfim. Eu tinha bastante facilidade para cumprir essas tarefas mnemônicas, memorizava bem rápida, completa e definitivamente. Ficou de saldo um bom repertório assim iniciado e que com o tempo cresceu bastante.
Ainda sei integralmente um bom número de poemas, não só das antigas seletas ginasianas, mas também de obras originais mais tarde escolhidas por mim mesmo, além de muitas letras de canções que ou foram minhas favoritas ou simplesmente ouvidas muitas vezes, gostasse eu ou não.
Meus primeiros voos autorais certamente foram tentados ainda em idade pediátrica. Absolutamente nada ficou desta fase. Meus versejos de adolescente também acabaram se perdendo. Eu só os mostrava em casa, a uns poucos amigos e naturalmente a algumas namoradas-musas de então.
Já no século XXI, comecei a fazer como exercício a tradução de letras de canções brasieliras principalmente para o idioma inglês, no qual também andei versejando.  A ideia era manter na tradução a maior proximidade possível com a pauta acentual dos versos originais em português, de forma que o resultado final também fosse cantável. Fiz umas trinta, e depois parei. Não encontrava ninguém que soubesse inglês e também cantasse, de modo que não parecia fazer muito sentido mostrar pra praticamente ninguém. Desisti do assim do projeto mirabolante que poderia terminar em exportação de cultura brasileira e também do simples exercício de tradução isométrica e isotônica. Mas gostei muito de fazê-lo, por mais inutilmente que pareça.






Um comentário:

Obrigada por participar deste blog.Volte e comente sempre!!!
Aqui você vai encontrar "Aquele Poema".