sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rodadas de Poemas com Pedro Bandeira



  A Literatura por Pedro Bandeira



Nesta entrevista, o escritor Pedro Bandeira conta como tornou-se leitor literário e 
o autor de livros infanto-juvenis mais bem sucedido do país.


Pedro Bandeira
Brancos e Negros



Os Brancos são muito diferentes dos negros.
Mas depende do branco e depende do negro.
Na minha caixa de lápis de cor
o branco não serve pra nada.
Só o preto é que serve para desenhar.
Por isso, os dois são muito diferentes.
Tem o giz e tem o carvão.
Eles são iguais.
Os dois servem pra desenhar.
Com o giz, a gente desenha na lousa.
                                  Com o carvão, a gente desenha um bigode
na cara do irmão,
para a festa de São João.
Nesse negócio de música,
não tem branco.
Só tem preto,
porque música mora em disco
e todos os discos que eu conheço
são pretos .
Nunca ví um disco branco.
O papel é branco.
Papel preto é chamado carbono
e copia por baixo
tudo o que a gente escreve por cima.
A noite é preta,
mas o dia não é branco.
O dia é azul.
Então o preto da noite é só da noite
Não é igual nem diferente de nada.
O leite é branco e o café é preto.
De café eu não gosto,
Também não gosto de leite,
quando ele está branco.
Prefiro misturar com chocolate.
Aí o leite fica marrom.
Marrom como minha amiga.
Outro dia me disseram que ela é negra,
mas ela é marrom.
Eu estou com raiva dela,
porque ela tirou
uma nota melhor que a minha
na prova do mês.
Mas eu não quero ser diferente dela.
Vou estudar bastante.
Na próxima prova,
eu e ela vamos ficar iguais.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Rodadas de Poemas com Pedro Bandeira



Pedro Bandeira
Esse pequeno mundo


Créditos da imagem: Nelson Toledo


 -
Sei que o mundo é mais que a casa,
Mais que a rua, mais que a escola,
Mais que a mãe e mais que o pai.
 -
Vai além do horizonte,
Que eu desenhei no caderno,
Como linha reta e preta,
Que separa azul de verde.
 -
Sei que é muito, sei que é grande,
Sei que é cheio, sei que é vasto.
 -
Me disseram que é uma bola,
Que flutua pelo espaço,
Atirada pelo espaço,
Atirada pelo chute
De um gigante poderoso;
Vai direto para um gol,
Que ninguém sabe onde é.
 -
Mas para mim o que mais conta
É este mundo que eu conheço
E que cabe direitinho
Bem debaixo do meu pé.
-
Cavalgando o arco-íris, Pedro Bandeira, São Paulo, Moderna:1984.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Rodadas de Poemas com Pedro Bandeira



Pedro Bandeira



Ah, tormento que eu não posso confessar...
O que eu escrevo é a verdade, eu não minto,
eu declaro tudo aquilo que eu sinto,
e é a outra que teus lábios vão beijar...

Sei que quanto mais verdade tem no escrito,
mais distante eu te ponho dos meus braços,
pois desenho o paralelo de dois traços
que na certa vão perder-se no infinito...

Estes versos feitos para te emocionar
justificam todo o amor que tens por ela
e as carícias que esses dois amantes trocam.

E eu te excito, sem que venhas a notar
que esses lábios que tu beijas são os dela,
mas são minhas as palavras que te tocam




Poema  retirado do livro: A marca de uma lagrima - Editora Moderna

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rodadas de Poemas com Pedro Bandeira

Pedro Bandeira
"Mais respeito, eu sou criança!"





Vídeo da Revista Nova Escola





Prestem atenção no que eu digo,

pois eu não falo por mal:

os adultos que me perdoem,

mas ser criança é legal!



Vocês já esqueceram, eu sei.



Por isso ou vou lhes lembrar:

pra que ver por cima do muro,

se é mais gostoso escalar?

Pra que perder tempo engordando,

se é mais gostoso brincar?

Pra que fazer cara tão séria,

se é mais gostoso sonhar?



Se vocês olham pra gente,

é chão que vêem por trás.

Pra nós, atrás de vocês,

Há o céu, há muito, muito mais!



Quando julgarem o que eu faço,

olhem seus próprios narizes:

lá no seu tempo de infância,

será que não foram felizes?



Mas se tudo o que fizeram

já fugiu de sua lembrança,

fiquem sabendo o que eu quero:

mais respeito, eu sou criança!

Livro - Mais Respeito, Eu Sou Criança  - Editora Moderna