quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Rodadas de Poemas com Adélia Prado



De Adélia Prado
A serenata


  
Uma noite de lua pálida e gerânios 
ele viria com boca e mãos incríveis 
tocar flauta no jardim. 
Estou no começo do meu desespero 
e só vejo dois caminhos: 
ou viro doida ou santa. 
Eu que rejeito e exprobro 
o que não for natural como sangue e veias 
descubro que estou chorando todo dia, 
os cabelos entristecidos, 
a pele assaltada de indecisão. 
Quando ele vier, porque é certo que vem, 
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude? 
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos 
— só a mulher entre as coisas envelhece. 
De que modo vou abrir a janela, se não for doida? 
Como a fecharei, se não for santa?         

Um comentário:

  1. Belo, Gerlane!

    Obrigado por continuar esse trabalho maravilhoso que, além de educar, compartilha beleza!

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