sábado, 8 de setembro de 2012

Rodadas de Poemas com Elisa Lucinda



A Esse Papo Indo-lente
Elisa Lucinda


Quando me perguntam depois de
"Ó que lindos olhos"...
Esses olhos são seus?"
Me sinto como se perguntassem
se o sol é rei mesmo
ou uma espécie de lâmpada de mil
Me sinto constrangida como se tivesse
sido possível a alguém alguma vez
confundir lata de goiabada com fruta de pé.
me sinto velha virada há milênios
Aniversariada por várias civilizações e nada esqueci.
Me sinto madura madeira escaldada
pra lá destas idades do agora.
Sou dos longínquos tempos de goiabeiras
mangueiras, formigas cabeçudas
tanajuras de umidade, baratas cascudas
e canaviais nos quintais
Sou ainda mais
na magia do que havia nesses anais,
sou do tempo em que era bom
nascer com olhos de esmeralda
e a artista a ser cumprimentada
era a mãe-natureza
pela proeza de olhos ser olhos
e lente ser lente.
Sou do tempo em que eu era
toda realeza
e com certeza não se compravam olhos
em shoppings, meus deus.
Sou do tempo em que meus olhos
Só podiam ser meus.

2 comentários:

  1. Também sou desse tempo. Mas, você com a sua poesia fez a gente sentir que ainda estamos nesse tempo, tempo em que o shopping não faz a menor diferença. Poema de primeira.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com José, poema de primeira categoria, ui! Arrepiei!

    ResponderExcluir

Obrigada por participar deste blog.Volte e comente sempre!!!
Aqui você vai encontrar "Aquele Poema".