domingo, 9 de setembro de 2012

Rodadas de Poemas com Elisa Lucinda



Safena
Elisa Lucinda




Sabe o que é um coração
amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.

Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pitos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões

Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
de amar de novo
Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate

O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.

2 comentários:

  1. Sim, "safena" traduz bem aqueles momentos de ruptura que acontece nos relacionamentos e o estupor da constatação e a certeza também de que devemos recomeçar uma vez mais, ou melhor, recomeçar sempre que se fizer necessário, reformar toda estrutura da alma para receber um novo conviva e juntos nos deleitarmos novamente no grande banquete da vida!

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  2. As três últimas frases são fatais e surpreendente. Fechou com chave de ouro o poema!
    Um abraço

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