segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Rodadas de Poemas com Elisa Lucinda



Penetração do Poema das Sete Faces
(A Carlos Drummond de Andrade)



Ele entrou em mim sem cerimônias
Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu
Na primeira fala eu já falava como se fosse meu
O poema só existe quando pode ser do outro
Quando cabe na vida do outro
Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada
Há apenas frases e desabafos pessoais
Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz
A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas
Te amo porque nunca nos vimos
E me impressiono com o estupendo conhecimento
Que temos um do outro
Carlos, me escuta
Você que dizem ter morrido
Me ressuscitou ontem à tarde
A mim a quem chamam viva
Meu coração volta a ser uma remington disposta
Aprendi outra vez com você
A ouvir o barulho das montanhas
A perceber o silêncio dos carros
Ontem decorei um poema seu
Em cinco minutos
Agora dorme, Carlos.




Elisa Lucinda




2 comentários:

  1. Muito bonita a homenagem a Drummond e uma ótica diferente de analisar a poesia, de dar a conotação de serventia, de que nessa serventia, ela perpasse as pessoas e as pessoas sejam perpassadas por ela e que os sujeitos ai; leitor e poesia sejam influenciados de maneira benéfica mutuamente... Considero essa preposição em relação à poesia muito interessante...Gostei muito! Muito bom enfoque!

    ResponderExcluir
  2. Sua homenagem a CDA tem um sabor poético de quem se abeberou mesmo nesta fonte, e decerto em outras também, Elisa.
    Vim de curioso conhecer-lhe o blog e já passei a segui-lo. Assim, verei lá do meu suas atualizações e virei, na medida do possível, pra mais ler e de mais gostar em sua arte.

    ResponderExcluir

Obrigada por participar deste blog.Volte e comente sempre!!!
Aqui você vai encontrar "Aquele Poema".