domingo, 23 de setembro de 2012

Rodadas de Poemas com Elisa Lucinda



O poema dos coletivos
Elisa Lucinda



Valham-me meus plurais!
A elegância dos coletivos que me deflora.
A  errância dos meus erros
sempre no meio dos assuntos,
a errância dos meus medos
sempre no meio dos assuntos!
Ah, enxame, alcateia, resma, califa, chusma, cardume, elenco, manada, matilha, frota, esquadrilha...
mais nada de mim levarás sem que eu vá também junto.
Sem que eu siga o rebanho das negras ovelhas com  pelos jamaicanos;
Ah, bando de pássaros que levam minha alma no bico!
Ah, vara, cambada, corja de vagabundos... por onde bares me esqueceram?
Ah, baderneiros, em que tom, em oitava me entoaram?
Valham-me meus punhais
Que esqueci de mandar afinar meu piano!
Que esqueci que planos eu faria
pra quando atravessasse os arquipélagos, as cordilheiras...
Pra quando eu me abandonasse de vez numa deserta ilha,
pra quando o meu tratado não fosse o das Tordesilhas!
Ô meu Deus, desde quando tomei gosto pelas rimas?
Ô meu Deus, em que data me emaranhei pra sempre no Vesúvio das Palavras?
Ah, coletivos de socos sons,
Ah, coletivos de socos bons,
Ah, porrada!

Um comentário:

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