O poema dos coletivos
Elisa Lucinda
Valham-me
meus plurais!
A elegância dos
coletivos que me deflora.
A errância dos meus erros
sempre no
meio dos assuntos,
a errância
dos meus medos
sempre no
meio dos assuntos!
Ah, enxame, alcateia,
resma, califa, chusma, cardume, elenco, manada, matilha, frota, esquadrilha...
mais nada de
mim levarás sem que eu vá também junto.
Sem que eu
siga o rebanho das negras ovelhas com
pelos jamaicanos;
Ah, bando de
pássaros que levam minha alma no bico!
Ah, vara,
cambada, corja de vagabundos... por onde bares me esqueceram?
Ah, baderneiros,
em que tom, em oitava me entoaram?
Valham-me
meus punhais
Que esqueci
de mandar afinar meu piano!
Que esqueci
que planos eu faria
pra quando
atravessasse os arquipélagos, as cordilheiras...
Pra quando
eu me abandonasse de vez numa deserta ilha,
pra quando o
meu tratado não fosse o das Tordesilhas!
Ô meu Deus,
desde quando tomei gosto pelas rimas?
Ô meu Deus,
em que data me emaranhei pra sempre no Vesúvio das Palavras?
Ah,
coletivos de socos sons,
Ah,
coletivos de socos bons,
Ah, porrada!
Levar no bico a alma é poesia pura!
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