quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Rodadas de Poemas com Elisa Lucinda



"Mas é a cara do Lino"
Elisa Lucinda



Bonitinha, toda a vida, ia ela, pequenininha,
às aulas dos adultos e só oito anos tinha.
O pai dava aulas de Latim, Português e Sociologia à noite
A menininha ouvia e via.
Quem é? Sua filha, professor?
E os olhos dele correspondiam ao sim
como um gozo esplendoroso, cravejado de orgulho
tal qual anel reluzente e precioso que já era o nosso laço.
Eu era a sua cara e gostava era demais de ser parecida com ele
Meu cartão de visitas, dizia segurando o meu queixo
com delicadeza de homem lindo.
Era meu pai.
Pai, por suas aulas comecei a amar as palavras.
Por seus provérbios e citações comecei a amar o jogo delas
E a possibilidade infinita que podiam erigir os tais pensamentos
Por sua divertida didática aprendi a amar a alegria de cada
gramático movimento
No dia do meu casamento me deu de presente uma máquina de escrever
E com esse presente me deu estrutura
De passado, futuro e poder.



2 comentários:

  1. Elisa, acho que foi duplo o golpe de sorte, sorte a sua de ter esse pai que ensina amor ao que poucos percebem, e sorte a dele por tantos motivos desde o primeiríssimo que resultou em você até até o significativo presente de casamento e outros depois com certeza. "Mas é a cara do Lino" dá a medida de quanto amor filial genuíno vai nessa homenagem com certeza merecida. Esse amor embeleza a leitura, pra mim.

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  2. Linda história contada de maneira tão singela!
    Um presente da vida e uma sorte para todos nós, que apreciamos a bela escrita!

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