quarta-feira, 21 de março de 2012

Rodadas de Poemas


É preciso não esquecer nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante. 

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre. 

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence. 

Cecília Meireles
(1962)

Um comentário:

  1. Cecília Meireles, de forma poética nos chama a atenção para uma parte de nós humanos, que nesse mundo consumista muitas vezes esquecemos; a humildade, de nos reconhecermos como iguais e o mais importante nestes versos, não somos realmente donos de nada nem de ninguém!

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