quinta-feira, 15 de março de 2012

Rodadas de Poemas

Tercetos


Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"

E ela abria-me os braços. E eu ficava.

Olavo Bilac

2 comentários:

  1. Este poema foi publicado no livro Poesias (1902). Poema integrante da série Alma Inquieta.
    In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 197

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  2. Importante saber...
    Terceto é, na literatura, o tipo de estrofe que contém três versos.

    É largamente utilizada em poemas, músicas e notoriamente nos finais dos sonetos, que em geral se compõem de 2 quartetos e 2 tercetos.

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