É preciso
não esquecer nada
É preciso
não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso
não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
nem o céu de sempre.
O que é
preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é
preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
a idéia de recompensa e de glória.
O que é
preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
Cecília
Meireles
(1962)
Cecília Meireles, de forma poética nos chama a atenção para uma parte de nós humanos, que nesse mundo consumista muitas vezes esquecemos; a humildade, de nos reconhecermos como iguais e o mais importante nestes versos, não somos realmente donos de nada nem de ninguém!
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