quarta-feira, 4 de abril de 2012

Rodadas de Poemas com Carlos Drummond

Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
 

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade 




Um comentário:

  1. Muito bonita a poesia de Drummond, a matéria prima dessa vida é o tempo presente, nem o passado nem o futuro, ótima reflexão e conclama os seres humanos a andarem juntos, preferencialmente de mãos dadas. Concordo com ele, incomensurável e belíssima vida!

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