quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rodadas de Poemas com Henriqueta Lisboa



De Henriqueta Lisboa
Amargura
 


Eu chegarei depois de tudo,
mortas as horas derradeiras,
quando alvejar na treva o mudo
riso de escárnio das caveiras.

Eu chegarei a passo lento,
exausta da estranha jornada,
neste invicto pressentimento
de que tudo equivale a nada.

Um dia, um dia, chegam todos,
de olhos profundos e expectantes,
E sob a chuva dos apodos
há mais infelizes do que antes.

As luzes todas se apagaram,
Voam negras aves em bando.
Tenho pena dos que chegaram
E as estas horas estão chorando...

Eu chegarei por certo um dia ...
assim, tão desesperançada,
que mais acertado seria
ficar em meio à caminhada.

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