De Henriqueta Lisboa
Amargura
Eu chegarei
depois de tudo,
mortas as
horas derradeiras,
quando
alvejar na treva o mudo
riso de
escárnio das caveiras.
Eu chegarei
a passo lento,
exausta da
estranha jornada,
neste
invicto pressentimento
de que tudo
equivale a nada.
Um dia, um
dia, chegam todos,
de olhos
profundos e expectantes,
E sob a
chuva dos apodos
há mais
infelizes do que antes.
As luzes
todas se apagaram,
Voam negras
aves em bando.
Tenho pena
dos que chegaram
E as estas
horas estão chorando...
Eu chegarei
por certo um dia ...
assim, tão
desesperançada,
que mais
acertado seria
ficar em
meio à caminhada.
Parabéns pelo que escreve. Muito bonitos poemas.
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