sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O mundo da Poesia







Inscrições para o Festival de Poemas de Cerquilho já estão abertas

Interessados de todas as idades podem participar.
Matrículas gratuitas podem ser feitas até 20 de setembro.



O prazo de inscrição para o Festival de Poemas de Cerquilho (SP) está aberto até o dia 20 de setembro. O evento é promovido pela direção do Teatro Municipal.
De acordo com a diretora do Teatro Municipal Cristiane Grando, podem se inscrever autores de todo o país. “Podem se inscrever interessados de qualquer idade, de qualquer parte do Brasil. Basta ter um poema inédito”, diz.
As inscrições podem ser feitas pelo correio, ou pessoalmente na sala de leitura do Estação Cultura, que fica localizado na Travessa do Brasil, n.100, Centro. O CEP do local é 18.220-000.
Saiba mais
O concurso possui apenas uma categoria. “Todos os poemas, independente da idade do autor, serão avaliados por uma comissão, que vai escolher os 20 melhores trabalhos e premiar os três primeiros”, afirma.
A premiação dos poemas será realizada no dia 19 de outubro, às 19h, no Teatro Municipal de Cerquilho. Mais informações pelo telefone (15) 3384-2634.

sábado, 24 de agosto de 2013

O mundo da Poesia

Alexandre Borges traz a Salvador 

espetáculo Poema Bar

Eduarda Uzêda 

 João Vasco, Sofia Vitória, Borges e Mariana Moraes formam o elenco

Em clima de inverno, escutar poesias de poetas do porte de Vinicius de Moraes e de Fernando Pessoa é um excelente motivo para sair de casa. A boa nova é que o espetáculo Poema Bar, que celebra  a poesia dos poetas brasileiro e português, será apresentado  na sala principal do Teatro Castro Alves, sábado, às 21 horas, e domingo, às 20 horas.
Em cena, em trabalho diferenciado e intimista, está um dos mais versáteis e talentosos atores do país, Alexandre Borges,  ao  lado do prestigiado  pianista português João Vasco e das cantoras Mariana de Moraes, neta de Vinicius, e Sofia Vitória.
A montagem, que estreou em grande estilo em  Portugal - na Casa Fernando Pessoa -, entrou em cartaz, em seguida, na Alemanha, no Teatro Bühne derKulturen, em Colônia. A estreia para os brasileiros aconteceu em 2011.
"Me dei de presente este projeto que iniciei com o pianista João Vasco. Descobri Pessoa aos 23 anos, quando morava em Porto, Portugal, e sua poética me marcou muito. Depois de alguns anos, descobri Vinicius e me encantei com seus poemas, que transbordam amor à vida, às mulheres... Tudo com muita entrega", afirma Alexandre Borges, que, além de recitar, também assina a direção artística do espetáculo.
Oportuno, Poema Bar integra as comemorações do Ano de Portugal no Brasil e presta uma homenagem ao poeta Vinicius de Moraes, que completaria 100 anos em outubro de 2013. Em junho deste ano, Pessoa faria 125 anos.
Aconchego
O público que for assistir ao espetáculo verá Alexandre Borges recitando poemas - iniciativa pioneira na sua trajetória artística -, tendo fundo musical do pianista João Vasco, além das cantoras Mariana de Moraes e Sofia Vitória, que cantará fados.
A ideia é que o espectador seja levado a um universo que remeta à noite, à boemia, tudo de forma muito aconchegante e profunda. O ambiente deve ser de escuta, de deixar tocar o coração.
"Não é um espetáculo formal, nem  comercial. É leve, solto. Tento ler as poesias pensando na emoção que os poemas provocaram em mim, quando li pela primeira vez. O que quero é estimular as pessoas a ler cada vez mais estes poetas", acrescenta Alexandre. O ator revela que em determinado momento convida pessoas da plateia para ler as poesias.
O projeto tem mobilizado  alunos da rede pública para conhecer a obra de Vinicius de Moraes e Fernando  Pessoa. Em Salvador, em iniciativa elogiavel, a  organização do espetáculo entrou em contato com as escolas municipais e estaduais. Duzentos  alunos da Escola Parque, Kleber Pacheco, Iceia e Rui Barbosa foram contemplados.
Repertório
No repertório das poesias, o intérprete revela que recitará  O Soneto da Fidelidade, de Vinicius, e  Tabacaria, de Fernando Pessoa. Entre as canções estão Amor em Lágrimas,  Acalanto da Rosa  e Eu Não Existo Sem Você, de Vinicius de Moraes,  Tenho Dó das Estrelas, de Fernando Pessoa, e Eu Sei que Vou te Amar.
A atriz e  cantora Mariana de Moraes, neta de Vinicius, afirma  que no início  ficou temerosa  da reação das pessoas.  "Até por conta do sucesso de Alexandre na TV, tinha um pouco de medo que viessem apenas pela curiosidade. Mas tudo que é dito é tão bonito, tão forte, que as pessoas são arrebatadas. A poesia tem a força de concentrar as pessoas".
Mariana guarda muitas  lembranças do avô. "Ele morreu quando eu tinha 11 anos.  Uma das recordações é de que ganhei dele um gravador, porque ele sabia que eu gostava de cantar.   Ele era muito generoso com todos", afirma.
Filha do fotógrafo Pedro de Moraes,  Mariana lembra que Vinicius também tinha valores éticos arraigados. Ela conta que uma vez, seu pai, criança, pegou um chocolate de uma loja de posto de gasolina escondido. "Quando contou o fato, Vinicius, que já estava distante do local, retornou 40 minutos da estrada  e o obrigou a pedir desculpas ao  gerente", revela.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Especial " Poetas Baianos"



De Amélia Rodrigues
Descobertas
 

Hoje
Atravessei a porta da minha consciência
E percebi quão tristes e voluntariosas
São as minhas concepções de saudade.
Reencontrei,
Na chama da sua lembrança,
A força e vida de um sentimento
Arguto, permanente e ocioso
Que se alimenta da solidão do meu ego.
Forte,
Busquei a cura,
A vacina para este mal.
Adensei os meus valores,
Corrigindo sensações e avaliando
Respostas...
Fraca,
Desci a estrada do inconformismo
Por não poder trazê-lo à eternidade
E a solidão se fez mais forte
Rasgando as minhas defesas,
Fazendo-se imune à reação do meu espírito.
Hoje
Atravessei a porta da minha consciência
E percebi quão insólito e inescrupuloso
É o amor que sinto por você.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Especial " Poetas Baianos"



De Amélia Rodrigues
A Minha Rosa



Passeando em meu jardim,
Encontrei uma rosa ...
Ela vinha, sem muito jeito
Machucando-se em seus próprios espinhos
E exalando um cheiro de luar!
Procurei dentre as suas pétalas
O testemunho da sua sinceridade.
E respirei o perfume cálido
A extravazar a alma da sua beleza.
Cativou-me o seu sorriso melancólico,
A sua tristeza inerte e absorta...
E aproximei-me mais e mais da sua consciência...
Quando nos tornamos uma
Fiquei sabendo quem era a minha rosa.
A minha rosa, essa rosa triste
Que coloriu os meus pensamentos...
A minha rosa que, em definitivo,
Arrastou minha vida para o seu destino...
A minha rosa, essa rosa triste
Era o Adeus! ...
A minha última cartada.

domingo, 11 de agosto de 2013

O mundo da Poesia



Livro para crianças reúne poemas 

de Manuel Bandeira

Livro relança 29 poesias do escritor Manuel Bandeira que trazem nos versos toda a leve densidade do universo infantil. Destinado a crianças, Berimbau e outros poemas é uma aventura sem idade.
                                              
                                               DIVULGAÇÃO / GRAÇA LIMA 

Ilustração de Graça Lima para "O Grilo", um dos 29 poemas reunidos no livro Berimbau
É absolutamente natural que a poesia de Manuel Bandeira (1886-1968) seja convocada a compor uma coletânea de poemas para crianças. Berimbau e outros poemas (Global Editora) revela a ligação natural dele com o universo próximo e afetivo das pequenas coisas, das brincadeiras, dos animais, das cantigas.

A visão de mundo dessas obras – mesmo não escritas para crianças – as gabarita para os miúdos. O livro relança 29 trabalhos do artista pernambucano, um dos maiores nomes da poesia brasileira modernista, em recortes que compreendem vários períodos de sua travessia literária.

Há, por exemplo, “Os Sapos” (Urra o sapo-boi:/“Meu pai foi rei” – “Foi!”/“Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”), lido por Ronald de Carvalho na Semana de 22, e também “Acalanto de John Talbot” (Dorme, meu filhinho,/Dorme sossegado./Dorme que a teu lado/Cantarei baixinho), escrito em agosto de 1942.

Todos eles ligados pelo sabor de um Recife – ou melhor, de um Nordeste – naqueles inícios de século XX onde soltar balão ainda era uma atividade ingênua (“Na Rua do Sabão”), o comércio na rua causava espanto e contentamento (“Os Camelôs”) ou ainda o comboio passando rápido era um evento (“Trem de ferro”).

A música, que também irriga a vida das crianças, está lá reconfigurada nas poesias de Berimbau – como “O anel que tu me destes” (em “O anel de vidro”), “Bão balalão” (em “Rondó do capitão”), “Café com pão” (em “Trem de ferro”) ou “Cai cai balão” (em “Na Rua do Sabão”).

Ademais das referências à própria infância do escritor, que percorrem todo o livro, é em “Cabedelo”, de 1928, onde há uma alusão em particular muita cara ao próprio Bandeira: “Viagem à roda do mundo/Numa casquinha de noz:/Estive em Cabedelo./Ó maninha, ó maninha/Tu não estavas comigo!...//– Estavas...?”.

Viagem à roda do mundo numa casquinha de noz era título de livro que, na infância de Bandeira, lhe fisgou a atenção pelos desenhos coloridos.

Em entrevista ao cronista Paulo Mendes Campos, em 1949, ele diz: “Creio mesmo que foi a minha primeira impressão, sensação profunda de poesia, o primeiro desejo de evasão do cotidiano”.

Nessa resposta, Bandeira põe em contato o mundo lúdico infantil com o universo particularmente múltiplo da estética literária. A relação já havia levado, inclusive, Sigmund Freud a dizer em conferência: “Cada criança que brinca se comporta como um poeta, na medida em que cria um mundo próprio, ou melhor, reorganiza seu mundo segundo uma nova ordem”.

“A infância é o caminho da construção artística de Manuel Bandeira, o meio para a descoberta de seu potencial criativo e o espaço que o deixou à vontade para experienciar a plenitude imaginativa na linguagem”, explica a doutora em Estudos da Linguagem, Rosiane Aguiar, no trabalho Das Cinzas a Pasárgada: a infância como itinerário na lírica bandeiriana.

O doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp, Luciano Cavalcanti, segue interpretação equivalente em artigo que analisa também Carlos Drummond de Andrade: para ele, a infância na poética de Bandeira tem um certo poder transformador do mundo.

“O mundo infantil, com sua mágica, adquire esse poder de transformar a realidade em sonho, através do lúdico e do encantatório que é transfigurado no poema”, pontua.

A seleção foi feita pelo escritor Elias José e os desenhos - primorosos - pela ilustradora Graça Lima.

SERVIÇO

Berimbau e outros poemas
Autor: Manuel Bandeira
Organizador: Elias José
Ilustração: Graça Lima
Editora: Global
Preço médio: R$ 29

Saiba mais
 Bandeira no Ceará
O escritor Manuel Bandeira tinha 22 anos quando compôs a (ainda parnasiana) poesia “Verdes Mares”. Era um soneto, redigido em 1908, aqui mesmo no Ceará, quatro anos depois de ter sido diagnosticado com tuberculose. À procura de climas serranos, passou por Maranguape - mas acabou também em Quixeramobim. O poema retrata a chegada, numa embarcação, do eu lírico do poema ao Estado. Assim termina: “‘Verdes mares bravios . . .’/Cita um sujeito que jamais leu Alencar”.